Sobre mim - parte 3

Aqui estou eu de novo. Demorei mas sentei pra escrever! Então, a cirurgia correu muito bem.  Tinha mais nódulos do que foi visto na ultra e alguns maiores do que os que foram puncionados. A cirurgia deveria ter durado 4 horas mas foram quase 6 horas na mesa de cirurgia.Ufa!

Se está boiando no assunto, acompanhe a parte 1 e a parte 2 pra saber da minha jornada contra o câncer de tireóide.

Cheguei no hospital e depois de toda burocracia com plano e etc. finalmente fui internada. Umas horas depois de eu já estar ajeitada no quarto, a enfermeira vem e me pergunta se não quero trocar de quarto, porque aquele estava com cheiro forte de tinta. Eu até tinha percebido um cheirinho quando o técnico abriu a porta pela primeira vez, mas não senti mais. Eu estava mesmo era desesperada com a janela. Eu precisava de uma janela que a vista não fosse para a parede, como aconteceu da vez anterior que operei naquele hospital. Fiquei claustrofóbica, então como aquele quarto tinha uma vista, eu não queria abrir mão. Mas meu pai foi ver o outro quarto que a enfermeira indicou e ele era ótimo também, então troquei!

Gente, parece que o tempo voou...de manhã lá estava eu sendo internada e de repente já era 15:30h e hora de eu tomar aquele remedinho do capiroto, que te deixa doidão!

Pois é...deixaria doidão...

A anestesista tinha passado no quarto antes e deixou que eu tomasse o remédio com um gole d'água. Isso somado ao fato da cirurgia ter sido às 4 da tarde em vez das 4:30, fez com que eu chegasse à sala de cirurgia totalmente acordada.

O interessante foi que eu tinha comentado com minha mãe, à caminho do hospital, que eu nunca tinha visto um centro cirúrgico. Pois é..cuidado com o que deseja!

Cheguei naquele lugar frio pra caramba, troquei da maca para a mesa de cirurgia, que era estranhamente mais estreita. A anestesista colou em mim aqueles sensores pra monitorar os batimentos cardíacos, colocou o aparelho de pressão que aperta horrores no meu braço - aquele negócio deixou marcas no meu braço! - e começou a bater na minha mão pra achar uma veia. Depois que ela conseguiu, veio colocar aquela mascara de gás em mim. Daí desesperei de vez e comecei a chorar. Daí veio um outro médico que estava lá, segurou minha mão e começou a conversar comigo. Quando senti a anestesia pegar, comecei a falar que eu tava indo haha a última imagem foi ele do meu lado com o cano de entubação esperando eu dormir..ai,ai..ninguém merece!

Ainda bem que correu tudo bem! Eu não acordei no meio da cirurgia! O que aconteceu foi só que acordei no centro cirúrgico muito agitada ( eles tem que te acordar depois da cirurgia lá mesmo), então a anestesista me apagou de novo. Só o que lembro foi pedir pra fazer xixi e beber água a noite inteira. Tadinha da minha mãe, nem conseguiu dormir. Depois de dois dias, eu estava de volta em casa e com uma cicatriz a mais.

O médico disse pra minha mãe que eu voltaria sem voz. Mas graças a Deus e a todas as orações e energias positivas minha voz voltou comigo. Ele disse que tinham tumores cobrindo o nervo e que a princípio ele achou que precisaria cortar, mas em vez disso conseguiu raspar à volta, e como o nervo é sensível e qualquer encostada nele já dá rouquidão, justo ele achar que toda a raspagem me faria voltar sem voz. Mas ela está aqui firme e forte. Claro que não está 100%, não saí cantando do hospital, mas saí falando, o que já era muito mais que o esperado. Assim que eu puder, vou procurar uma fono.

Agora para segunda parte da jornada, estou em uma dieta restrita, sem iodo algum, pra fazer a iodo radioterapia no dia 6 de novembro. No caso do câncer de tireóide, a primeira medida é fazer a cirurgia, e depois se o tumor for do tipo que aceita o tratamento, é feita a iodo radioterapia, que consiste em você ser internado no hospital para tomar uma cápsula de iodo radioativo, depois ficar isolado em um quarto de hospital revestido de chumbo, por dois dias, até que grande quantidade do iodo radioativo seja liberado do corpo. Pra isso vou ter que beber uns 4 litros de água por dia e tomar vários banhos para liberar bem, antes de voltar pra casa, onde continuam os cuidados como: manter uma distância de 2 metros das pessoas, lavar minhas roupas separadamente ou deixá-las 7 dias separadas em local afastado das pessoas, tudo que eu usar terá de ser lavado separadamente e tal. Isso, por uma semana. Como dou aula para crianças, a médica mandou que eu ficasse afastada por duas semanas.

Enfim, se eu desenvolver super poderes, aviso a vocês!