23 de setembro de 2014

Sobre mim - Parte 1


Olá, povo!


Depois de alguma reflexão, resolvi compartilhar por aqui algumas das coisas as quais estou passando no momento e contar um pouco da minha história de vida. Acho muito pertinente, pois beleza começa de dentro pra fora, sendo esse "dentro" tanto espiritual quanto relativo à nossa própria saúde. Fora que sei que muitas outras pessoas passam por algumas situações parecidas, e é interessante essa troca de experiências.


Então,


No mês passado, em meados de Agosto, recebi uma ligação:

- "Alô ? Sra Raquel ?"

- "Sim, é ela. Pode falar."

- "Estou ligando para confirmar sua consulta amanhã com a Dra Rossana."

- "Consulta ? Não marquei consulta nenhuma para amanhã... Essa Dra é o quê ?"

- "Endocrinologista."

- "Eu hein..e ela aceita [plano de saúde] ?"

- "Aceita sim, posso confirmar ?"

- "Pode...mas é estranho... Será que foi minha Mãe que marcou ? Tem como você ver o nome ?"

- "Não senhora."

- " Tá...é no mesmo prédio da minha dentista, talvez tenha sido ela...mas...que estranho! Bem, confirma pra mim por favor então. Amanhã eu posso e estou precisando mesmo de endócrino. Mas confirma se é Raquel [sobrenome]."

- "Sim, Raquel [sobrenome]. Está confirmado então, amanhã às 15 horas."


Pois bem, depois de ligar pra minha Mãe e quase pra minha dentista (!) me lembrei que lá no início do ano, eu tinha de fato deixado marcada essa consulta, e absolutamente me esqueci! Liguei de volta para a secretária e falei que lembrei o que aconteceu...sei lá, vai que ela me acha louca! Então expliquei.


Fui à consulta.



Eu já estava sem endocrinologista fazia mais tempo do que gostaria, e eu precisava muito, porque tenho hipotireoidismo que trato desde os oito anos de idade. Chegando lá, dei todo meu histórico (que é assunto para outro post, pra esse não ficar cansativo demais) e ela examinou minha tireóide. Não gostei tanto da cara dela depois disso. Ela então me mandou fazer os exames óbvios que eu já sabia: exame de sangue, ultrassonografia da tireóide, e passou um que eu nunca tinha feito, de região cervical com doppler colorido. Mandou fazer também uma ultra de mama e uma densitometria óssea. E então eu perguntei se ela tinha sentido algo quando me examinou.


Ela disse que sim.


Tinha um nódulo (que eu tinha desconfiado antes) maiorzinho e alguns gânglios um pouco alterados. Daí eu controlei o desespero, voltei pra casa e não contei nada a ninguém. Tentei marcar os exames o mais rápido possível e em qualquer lugar e dia que tivesse vaga, mas nunca ia imaginar que marcar uma ultra seria tão difícil, fora achar essa tal da região cervical. Um dos laboratórios que liguei tinha vaga dali a dois dias, mas só fazia o da região cervical sem doppler. Marquei mesmo assim. Na manhã do dia do exame, consegui ligar para outro laboratório que fazia a tal ultra com doppler, e tinha vaga no dia seguinte. Obviamente marquei. Fui fazer só a ultra de mama no primeiro laboratório e no dia seguinte fiz as outras duas.


Ao longo do exame, a médica que o estava fazendo foi bastante minuciosa, e percebi que ela tomou o tempo necessário nas laterais do meu pescoço. Assim que terminou o exame, que foi em uma sexta feira e teria seu laudo pronto dali a uma semana, ela me disse que eu poderia ir buscar na terça e que marcasse logo a volta à endocrinologista, porque eu estava com vários nódulos do lado direito do pescoço, além de nódulos na tireóide.


Nem preciso dizer que muita coisa passou pela minha cabeça. Eu já tenho histórico de câncer. Tive aos 12 anos de idade e até hoje morro de medo de que volte, e eu não quero passar por tudo de novo, ninguém quer! Então mais uma vez engoli o choro, segurei o desespero e fui encontrar minha Mãe para voltar de carona pra casa. Fui decidida de que ainda não falaria nada, afinal ela já está com coisas demais para se preocupar (pelo menos até que se tivesse alguma conclusão), entre elas, minha avó que está lutando contra o câncer. Entrei no carro e dei graças por ela não ter me perguntado muita coisa sobre o exame, mas começou a tocar "Another Day in Paradise" do Phil Collins, e não sei porque...


- "Hum...Eu nunca tinha prestado atenção na letra dessa música, é bonita..."


Comecei a chorar.


Então volta tudo à mente, tudo o que tive que passar desde os 12 anos. Cirurgias, quimioterapia, perdi minha pré adolescência, amigos e vivo atormentada por esse fantasma e esperando o dia que a doença vá voltar, torcendo que não volte. Até que me vejo nessa situação. De novo.


Minha Mãe, depois de eu ter falado o porque do choro aparentemente do nada, tentou me tranquilizar, dizendo que essa coisa de nódulos na tireóide é normal, muita gente tem e consegue tratar facilmente e que ia ficar tudo bem.


Paralelamente a isso tudo, eu havia sido convocada pelo Colégio Pedro II. Eu tinha feito prova mais ou menos no início do ano e já tinha desistido da idéia quando me ligaram. Agora você vê né...desesperada e agora com medo de perder o emprego que ia começar na semana seguinte. Pra você se situar: fui me apresentar na quinta, fiz esse exame na sexta e comecei no colégio na terça.


Enfim, fui trabalhar terça e minha Mãe buscaria pra mim naquele dia o resultado do exame. Mãe é Mãe né! Ela não somente fez isso, como conseguiu uma consulta com um endocrinologista cirurgião na quarta a noite, pois depois de buscar o exame, ela tinha consulta marcada com nosso ginecologista e os mostrou. Ele disse que provavelmente a minha endócrino mandaria procurar um cirurgião de cabeça e pescoço e eu tinha já marcada a consulta com a endócrino na quinta. Enfim, corremos horrores pra chegar na hora porque a tarde eu tive de fazer uma ressonância da coluna que demorou um pouco.


Agora você imagina sair correndo de um exame, pra pegar o metrô e literalmente correr pela rua procurando o endereço pra estar lá no consultório antes do médico ir embora. Parecíamos duas malucas!


Chegando lá, todas suadas e esbaforidas, fomos atendidas.


Ele viu meus exames e ele mesmo me examinou e já me disse que o caso era cirúrgico. E me explicou que eu teria de fazer a punção de todos os nódulos pra ele programar a cirurgia e me tranquilizou dizendo que mesmo se desenvolvendo agressivamente, é benigno. Porque câncer de tireóide é algo muito tratável e localizado e que eu não precisaria de quimioterapia mas, se necessário, uma iodo radioterapia - que constitui em ficar internado por dois dias no hospital para tomar iodo radioativo e fazer uma cintilografia de corpo inteiro. Faria esse processo a cada ano. E precisaria da internação para que eu não passe radiação para ninguém.


E é isso...Ele me passou o risco cirúrgico, que eu já fiz. E hoje vou fazer a punção e mantendo aqui atualizado.


Desejem-me sorte!

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